Beasts of Midnight:
Wyvern Side
Arquivo I – Despertar
“Em meio às trevas, ele acordou e seguiu em direção à luz.”
Deitado
em sua cama, e olhando fixamente para o teto, Rodrigo imaginava o que teria
acontecido durante a semana que passou. Sua mente estava confusa e ele não
conseguia se lembrar de nada. Somente tinha certeza de que, depois de se
transformar em wyvern no sábado, Dorixrog havia assumido o controle de seu
corpo e lutado contra Takedo. Voltou a si depois de ter sido paralisado por um
veneno da Adriane, mas sua memória parava depois de alguns minutos. Ele não
sabia como, mas só recuperou a consciência dentro de um prédio abandonado, já
na sexta-feira de manhã.
Após
voltar para sua nova casa, todos se mostraram preocupados com a sua ausência. Sem
saber como se explicar, Rodrigo alegou estar se sentindo mal e se trancou em
seu quarto, onde está no momento. O garoto forçava sua mente, mas tudo de que
conseguia se lembrar era do cheiro de sangue e de uma forte sensação de medo. A
única resposta que encontrou para seu lapso de memória era a de que Dorix havia
usado seu corpo para algo. E isso não era uma coisa boa.
Enquanto
Rodrigo refletia seus atos, João e Vinicius estavam na sala de estar,
conversando.
-
João, onde você acha que o Rodrigo estava todos esses dias? – perguntou
Vinicius.
-
Não faço idéia – respondeu João – O Rodrigo, ou o Dorix, eu nem sei mais, não
quer falar sobre isso. Acho que nem ele mesmo sabe o que aconteceu.
-
Hã? Se é assim, nós temos que fazer alguma coisa!
-
Fazer o que? O nosso problema maior não é com ele, é com o Takedo! – disse
João, tentando não falar muito alto – O Dorix nos disse que ele tinha roubado
amostras do nosso DNA, então eu comecei a seguir ele.
-
E o que você descobriu? – Vinicius estava com uma expressão séria no rosto
enquanto falava – Ele fez algo estranho?
-
O Takedo é estranho! - João estava rindo
– Ele faz coisas muito gays o tempo todo!
-
Eu to falando sério João! – Vinicius quase gritou – O que o Takedo fez?
-
Foi mal... – falou João – Mas, falando sério agora, ele não fez nada de mais a
semana toda. Menos ontem.
-
Ontem? Mas ontem todo mundo tava procurando pelo Rodrigo!
-
E daí? Eu segui o Takedo. Só que ele entrou em um beco e sumiu! Nem sinal dele
ou daquela franja rosa!
-
Isso é ruim! Se ele tiver feito como o Átila e fugido para o mundo mágico, ele
pode estar tramando algo com aquele Ryumaru! – Vinicius já estava começando a
ficar exaltado. João fez um sinal para ele abaixar a voz.
-
Eu sei! O problema é aquela habilidade dele, Copy Cat. Ele pode copiar todos os
golpes que ele viu nos últimos 3 minutos, nós não podemos vencer dele como
estamos agora!
-
Tive uma idéia. Eu vou chamar o Marcos e o Rodrigo, vamos precisar da ajuda
deles. – disse Vinicius, já se levantando e indo em direção aos quartos.
Vinicius
encontrou Marcos em seu quarto, tocando violão, e o chamou para a sala. Foi
então até o quarto de Rodrigo e bateu na porta. Não teve resposta. Ele então
bateu mais forte e chamou o nome do amigo, mas o silencio continuava do outro
lado da porta. Vinicius então abriu a porta e entrou.
Rodrigo
não estava mais lá. Em cima de sua cama havia um bilhete, que dizia:
“Aos meus amigos.
Eu não posso continuar aqui, não sem saber o
que aconteceu comigo.
Eu posso estar colocando vocês em risco,
então vou me afastar por um tempo.
Não precisa se preocupar, eu estou bem.
Volto quando tiver achado as respostas.
Até mais,
Rodrigo.”
Vinicius ficou
chocado com a notícia, mas ao virar o bilhete, viu mais uma mensagem, escrita
com uma letra tremida e riscada.
“Preparem-se. Ryumaru começou a se mover.”
O garoto
correu para avisar os outros, desesperado. Rodrigo tinha sumido de novo, e
dessa vez a situação parecia ainda mais séria do que a primeira. Quando
souberam, todos saíram atrás de Rodrigo, menos João, que aproveitou a
oportunidade para seguir Takedo novamente. Para ele, Takedo realmente estava
escondendo algo dos Beasts.
...
Rodrigo corria
pelas ruas de São Paulo, sem ter realmente para onde ir. Sabia que não podia
voltar para a sua casa, nem para a base junto dos outros. Do jeito que estava,
todos ao seu redor estavam em
perigo. Mas então, no meio de uma multidão, Rodrigo viu um
homem vestindo uma capa azulada, com um capuz cobrindo seu rosto, e o
reconheceu de algum lugar, como se ele já o tivesse visto em um sonho ou algo
do tipo. Talvez ele fosse sua única chance de descobrir o que aconteceu naquela
semana. O garoto, então, correu atrás do homem de capa. Em uma viela, o homem
parou e se voltou para Rodrigo.
- Vejo que se
lembra de mim, garoto – disse o homem. Sua voz era suave e passava a impressão
de ser uma pessoa calma.
- Você sabe
alguma coisa sobre o Dorixrog? – perguntou Rodrigo, tão calmo quando o
estranho, apesar de estar um pouco ofegante de correr atrás do mesmo.
- Não sei do
que você está falando – respondeu – Não conheço nenhum Dorixrog.
- Não brinque
comigo! – gritou Rodrigo – Eu nunca ti vi na minha vida, mas você me conhece e
eu tive a impressão de te conhecer também! A única explicação lógica é a de que
se encontrou com o Dorix!
- Eu já disse:
eu não sei do que você está falando – o homem parecia não estar mudar seu tom
de voz, sempre calmo – Mas estou surpreso de você ter uma lembrança remota de
minha pessoa.
- Quer dizer
que nós já nos encontramos? – disse Rodrigo – Quem é você?
- Meu nome é
Phi. Phi Hartwalk. Eu sou um exilado do outro mundo, do mundo mágico. – Phi
retirou seu capuz e revelou longos cabelos loiros, soltos, olhos esverdeados e
orelhas pontudas. – E a última vez que nós nos vimos, você não estava lúcido.
- Se eu não
estava lúcido, você deve admitir que Dorixrog estava controlando o meu corpo! –
gritou novamente Rodrigo, que já não aguentava mais ouvir Phi negar qualquer
coisa relacionada ao Dorix.
- Pela última
vez, eu não conheço nenhum Dorix. Você era você mesmo, mas não conseguia conter
seus instintos de wyvern. – explicou Phi – Você estava prestes a ser consumido
pelo seu poder e eu salvei você da morte.
Rodrigo se
espantou com a descoberta e deixou sair um grito de surpresa. Então, aquele
estranho de orelhas pontudas havia salvado a sua vida? Ele podia acreditar
nisso? Mas apesar das dúvidas, no fundo, Rodrigo percebeu que confiava em Phi. E nesse momento, algo
mudou dentro dele. Era como se estivesse despertando de um pesadelo.
Continua...
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